quarta-feira, 11 de maio de 2011

Religião e Superstição


É tão grande a fraqueza do género humano, tamanha a sua perversidade, que, sem dúvida, lhe vale mais estar subjugado por todas as superstições possíveis - desde que não tenham carácter assassino - do que viver sem religião. O homem sempre teve necessidade de um freio e, por ridículo que fosse sacrificar aos faunos, aos silvanos ou às náiades, era mais razoável e mais útil adorar essas imagens fantásticas da Divindade do que entregar-se ao ateísmo. Um ateu que fosse razoador, violento e poderoso, seria um flagelo tão funesto como um supersticioso sanguinário.

Quando os homens não dispõem de sãs noções acerca da Divindade, as ideias falsas suprem-lhes a falta, tal como nos tempos de desgraça se fazem negócios com moeda falsa quando falta a moeda boa. O pagão, se cometia um crime, temia ser punido pelos seus falsos deuses; o malabar teme ser punido pelo seu pagode. Em todo o lado onde há uma sociedade estabelecida, é necessária uma religião. As leis exercem vigilância sobre os crimes conhecidos, a religião exerce-a sobre os crimes secretos.

Mas, a partir do momento em que os homens chegam a abraçar uma religião pura e santa, a superstição torna-se não apenas inútil, mas muito perigosa. Não se deve tentar alimentar com bolotas aqueles que Deus se dignou alimentar com pão.

A superstição está para a religião como a astrologia está para a astronomia, a filha louca de uma mãe sábia. Essas duas filhas subjugaram durante muito tempo a Terra inteira.


Voltaire, in 'Tratado Sobre a Tolerância'

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Vivências que a sublime liberdade nos dá

Royksopp - What else is there?



It was me on that road
But you couldn't see me
Too many lights out, but nowhere near here

It was me on that road
Still you couldn't see me
And then flashlights and explosions

Roads end getting nearer
We cover distance but not together

I am the storm, I am the wonder
And the flashlights, nightmares
And sudden explosions

I don't know what more to ask for
I was given just one wish

It's about you and the sun
A morning run
The story of my maker
What I have and what I ache for

I've got a golden ear
I cut and I spear
And what else is there

Roads end getting nearer
We cover distance still not together

If I am the storm, if I am the wonder
Will I have flashlights, nightmares
And sudden explosions

There's no room where I can go and
You've got secrets too

I don't know what more to ask for
I was given just one wish.

terça-feira, 29 de março de 2011

Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.

terça-feira, 22 de março de 2011

Buscando sempre a iluminação

Mato Seco - Tudo nos é dado.



Ele acordou em mais um santo dia de chuva,
Abriu os olhos e sorriu e olhou o mundo com a grandeza de um rei,
E respirou o ar da liberdade e se lembrou
Que o caminhar livre de um homem nem um dinheiro pode
comprar
Nada como um dia após o outro para estar preparado para a guerra que virá, diferente amanhã.
E seguindo seu caminho rumo ao céu tenta fazer sua
parte para sempre estar,
Em perfeita harmonia com sua verdadeira face
E brilhar e brilhar intensamente até que possa
iluminar toda escuridão
Vitorioso, já não se preocupava mas em ser um vencedor aos olhos dos outros,
Sabia que era mas dificil dominar a si próprio
Pois tudo nos é dado só nos falta fé
Então pra que dificultar tanto se as coisas são tão simples,
Pra que querer criar atalhos se existe um só caminho, existe um só caminho
Pois tudo nos é dado só nos falta fé
E tranquilamente ele fecha os olhos sorrindo feliz
E do alto de sua nobreza senhor de si mesmo descansa
Sua alma na sublime pureza de Sião
Pois tudo nos é dado só nos falta fé!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Tudo


Estou de olhos fechados, deitado bem a vontade na cama do quarto,  radio toca baixinho uma musica tranquila e a brisa vem tranquila pela janela. Aos poucos te ouço chegar pela porta e tirando os chinelos, te ouço subir devagarzinho na cama e minha orelha fica atenta. O som do lençol arrastando enquanto engatinha na minha direção soa tão delicado e pacifico como quando deita o rosto em meu peito me envolvendo com um dos braços. Passo uma das mãos pela pele delicada do seu braço subindo pelo ombro até seu lindo rosto e, por fim alcançando devagarzinho seus cabelos macios e sedosos, onde estaciono fazendo caricias.
Sua voz me toca baixinha nos ouvidos, graciosa como a beleza que há no canto dos pássaros que anunciam o amanhecer. Conversamos sobre musica, sobre o cotidiano e as estrelas, porém torna-se claro que os assuntos são coadjuvantes no espetáculo maravilhoso que nossas vibrações nos proporcionam. Em dados momentos me confundo entre sonho e realidade, chegando a ficar em dúvida sobre o que realmente acontece e aquilo que sobrevoa minha mente, acabo abrindo os olhos e ao fazê-lo vejo seu rosto aconchegado em meu peito levantar e me olhar nos olhos, não são olhos de sereia que me sorri e depois submerge no mar dos anseios, são olhos de devoção e cumplicidade que me trazem paz. E realmente estava ali, não desapareceu como névoa no ar e nem sequer despertei do que seria um sonho, estava ali, olhando em meus olhos com um sorriso lindo e expressivo nos lábios, em meio a devaneios volto a realidade quando te ouço perguntar “o que foi amor?” Amor, é uma palavra muito curta para expressar um sentimento tão lindo que nos envolve e não creio que haveria alguma que o definisse. “Nada” eu respondo com um sorriso bobo, mas não é nada, com absoluta certeza não é nada, na verdade é tudo. Tudo o que eu sempre quis.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

GRAFFITI EM SÃO PAULO


São Paulo impressiona pela quantidade de grafite, mas, essas ‘práticas subversivas’ não eram permitidas na época da ditadura. As expressões políticas e culturais começaram a aparecer no final da década de 70.
Ao focalizarmos o aspecto de pratica com as técnicas, de proposta de trabalho e de amadurecimento das obras, reconheceremos, num primeiro momento, uma fase de domínio marginal. Fase em que os artistas em "roles" pelas ruas da cidade pesquisavam e realizavam o graffiti basicamente preto e branco.
Em 1987, unidos por Alex Vallauri e Maurício Villaça no evento "A trama do gosto" da Fundação Bienal de São Paulo, Jaime Prades, Zé Carratü, Carlos Delfino, Rui Amaral, Alberto Lima e Claudia Reis saíram de lá decididos a conquistar as paredes públicas dos túneis que ligam a Avenida Paulista as Avenidas Rebouças e Dr. Arnaldo, quando fizeram os primeiros mega grafites da história contemporânea brasileira, e à luz do dia.

 

Máquinas, seres, labirintos, estruturas, cidades, dragões surgiram do nada e até hoje estão na memória de todos que passaram por lá. Toda uma geração de crianças na época, que hoje tem entre 30 anos ou mais, lembram delas.
A partir de 1990, como uma espécie de fermento descontrolado as gangues da periferia, que também experimentavam o processo democrático, começaram a pichar tudo. O trabalho acima foi um dos primeiros a tombar... E a cidade foi tomada pelos pichadores. A concorrência com a pichação sempre foi muito acirrada, esta, porém não dispõe de cores e imagens que são itens básicos na produção do graffiti.


O mais importante disso tudo é que os artistas estão sabendo conciliar o namoro com o mainstream e com sua atuação na rua, que é a essência do graffiti. Todos os artistas concordam que o graffiti não é uma questão estética, mas que ele é justamente o DIÁLOGO COM A CIDADE e que a utopia de apresentar arte livre e gratuita a todos não pode ser abandonada.O que é pintado na rua acaba, as vezes, quebrando a rotina.
O paulistano precisa disso!


É muito concreto... não tem respiro... não tem horizonte... estão todos com muita pressa, só há origem e destino, não há hoje o passeio contemplativo...
Aqui no Brasil, como em muitas culturas que foram dominadas e sofreram isolamento, ainda há muito desprezo pelo que é original. Esse traço colonial ainda sobrevive escondido, embora perceptível, no abandono do que não é avaliado pela Europa ou pelos EUA.


Em outras palavras: o que tem valor é o que faz sucesso lá fora.
O graffiti dentro da galeria não é graffiti. Essa afirmação é total entre os grafiteiros que não concordam com o capitalismo existente na arte. “O graffiti pertence a rua. É subversivo, ilegal e de graça.” afirma Nunca. Entretanto, alguns artistas ganham a vida vendendo seus trabalhos, com a experiência que a própria rua trouxe.
Quando o fazer artístico se atreve a soltar as amarras do intelecto e a aventurar-se nos planos da experiência unificando-se num estado de integração plena em uma espécie de meditação ativa, não pode haver controle total. Esses artístas são os que têm a coragem de pular do abismo sabendo que depois de pular não tem volta.