sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cego


Certo dia minha mãe disse que o pior cego é aquele que não quer ver... e hoje
apesar de sua ausência pude perceber o quão certa estava.
A definição cai sempre como uma luva, nós olhamos várias coisas, porém vemos muito pouco. Vemos apenas aquilo que interessa, que chama nossa atenção, composto é claro por aquilo que gostamos e odiamos.
Esse ver ter haver com sentir, e olhar tem haver com apenas existir... sabe-se que aquilo não é importante.

O que eu olho são pessoas hipócritas, sem conteúdo e passageiras;
O que eu vejo são meus amigos, familiares e você;
O que eu olho é consumismo, estética e competição;
O que eu vejo é desconfiança, malandragem e determinação.


Sempre coloquei de lado algumas das atitudes dela, por medo de ver o que não me agrada e tornar isso uma barreira entre nós. E depois de todos esses anos eu devia ter visto o que apenas olhei, poderia ter evitado muitas lágrimas e decepções tanto da minha quanto da parte dela.
- Amor, ninguém me contou, eu vi.
Por que quis ver e por que a nossa vida se tornou tão intensa.
E quando há intensidade é preciso ter um pouco mais de cuidado, quem sabe até disciplina e respeito.
De tudo que ensinamos um ao outro, ver e olhar tem uma diferença enorme e puxa,
pude aprender isso contigo.
Agora, amor, estou vendo que não vou continuar a lhe entregar os meus segredos, o meu sorriso, a minha atenção, a minha paz e os meus projetos.
Vou olhando quem você é e do que você gosta, sem ter que lhe perguntar.

Fui um cego e só agora notei que estava de olhos abertos.


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