quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

GRAFFITI EM SÃO PAULO


São Paulo impressiona pela quantidade de grafite, mas, essas ‘práticas subversivas’ não eram permitidas na época da ditadura. As expressões políticas e culturais começaram a aparecer no final da década de 70.
Ao focalizarmos o aspecto de pratica com as técnicas, de proposta de trabalho e de amadurecimento das obras, reconheceremos, num primeiro momento, uma fase de domínio marginal. Fase em que os artistas em "roles" pelas ruas da cidade pesquisavam e realizavam o graffiti basicamente preto e branco.
Em 1987, unidos por Alex Vallauri e Maurício Villaça no evento "A trama do gosto" da Fundação Bienal de São Paulo, Jaime Prades, Zé Carratü, Carlos Delfino, Rui Amaral, Alberto Lima e Claudia Reis saíram de lá decididos a conquistar as paredes públicas dos túneis que ligam a Avenida Paulista as Avenidas Rebouças e Dr. Arnaldo, quando fizeram os primeiros mega grafites da história contemporânea brasileira, e à luz do dia.

 

Máquinas, seres, labirintos, estruturas, cidades, dragões surgiram do nada e até hoje estão na memória de todos que passaram por lá. Toda uma geração de crianças na época, que hoje tem entre 30 anos ou mais, lembram delas.
A partir de 1990, como uma espécie de fermento descontrolado as gangues da periferia, que também experimentavam o processo democrático, começaram a pichar tudo. O trabalho acima foi um dos primeiros a tombar... E a cidade foi tomada pelos pichadores. A concorrência com a pichação sempre foi muito acirrada, esta, porém não dispõe de cores e imagens que são itens básicos na produção do graffiti.


O mais importante disso tudo é que os artistas estão sabendo conciliar o namoro com o mainstream e com sua atuação na rua, que é a essência do graffiti. Todos os artistas concordam que o graffiti não é uma questão estética, mas que ele é justamente o DIÁLOGO COM A CIDADE e que a utopia de apresentar arte livre e gratuita a todos não pode ser abandonada.O que é pintado na rua acaba, as vezes, quebrando a rotina.
O paulistano precisa disso!


É muito concreto... não tem respiro... não tem horizonte... estão todos com muita pressa, só há origem e destino, não há hoje o passeio contemplativo...
Aqui no Brasil, como em muitas culturas que foram dominadas e sofreram isolamento, ainda há muito desprezo pelo que é original. Esse traço colonial ainda sobrevive escondido, embora perceptível, no abandono do que não é avaliado pela Europa ou pelos EUA.


Em outras palavras: o que tem valor é o que faz sucesso lá fora.
O graffiti dentro da galeria não é graffiti. Essa afirmação é total entre os grafiteiros que não concordam com o capitalismo existente na arte. “O graffiti pertence a rua. É subversivo, ilegal e de graça.” afirma Nunca. Entretanto, alguns artistas ganham a vida vendendo seus trabalhos, com a experiência que a própria rua trouxe.
Quando o fazer artístico se atreve a soltar as amarras do intelecto e a aventurar-se nos planos da experiência unificando-se num estado de integração plena em uma espécie de meditação ativa, não pode haver controle total. Esses artístas são os que têm a coragem de pular do abismo sabendo que depois de pular não tem volta.

2 comentários:

  1. Grafiti pra mim é arte. Pura arte.
    Acho muito bacana!
    Queria aprender, mas infelizmente não tenho esse dom. rs

    Acredito que com o crescimento e, hoje em dia, por ter uma valorização maior, nada mais justo que quem mereça, seja recompensado por isso.

    Parabéns pelo Blog!

    ;D

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